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Vacina de rotavirus – o receio é justificável?

O rotavírus é um dos principais agentes causadores de infecção gastrointestinal em lactentes e crianças pequenas em todo mundo, podendo essa durar de 3 a 8 dias, podendo ser grave e evoluir para desidratação com necessidade de internação em alguns casos.

Pesquisas mostram que quando não vacinadas, todas as crianças se infectam pelo menos uma a duas vezes antes de completar cinco anos de idade mesmo em locais desenvolvidos, com boas condições sanitárias e de higiene.

A doença pode ser previnida pelo uso das vacinas contra rotavirus, que começaram a ser usadas no Brasil em 2006 e desde então as hospitalizações e as consultas aos prontos socorros por gastroenterites foram significativamente reduzidas.

As vacinas rotavírus são feitas com o vírus vivo “enfraquecido”, são administradas via oral e tem idade certa para a primeira e a última dose.

Duas vacinas estão licenciadas no Brasil: uma monovalente (que é a utilizada pelo Programa Nacional de Imunizações ) e outra pentavalente (usada em clínicas privadas de vacinação). Os produtos diferem quanto à composição e esquema de administração.  Dependendo da vacina serão necessárias duas ou três doses e elas podem ser administradas no mesmo momento que outras vacinas indicadas para a idade.

As vacinas monovalentes são recomendadas aos dois e quatro meses de idade e a pentavalente aos dois, quatro e seis meses.

A quase totalidade dos bebês vacinados contra rotavírus estará protegida contra as formas graves da doença e a maioria dos bebês não terá diarréia por rotavírus.

A vacina não protege contra outros germes causadores de diarreia e vômitos.

A vacina é contra-indicada para crianças fora da faixa etária citada acima, com deficiências imunológicas por doença ou uso de medicamentos que causam imunossupressão, com alergia grave (urticária disseminada, dificuldade respiratória e choque anafilático) provocada por algum dos componentes da vacina ou por dose anterior da mesma, com doença do aparelho gastrintestinal, sangramento intestinal importante ou história prévia de invaginação intestinal.

Os efeitos colaterais mais comuns são gases e alteração da cor ou consistência das fezes por períodos breves na primeira semana após a vacina.

Observou-se um discreto aumento de risco de intussuscepção cerca de uma semana após a 1 ª ou 2ª dose da vacina rotavírus (cerca de 1 caso para cada 100.000 crianças vacinadas).

A intussuscepção é um tipo de obstrução intestinal que pode ocorrer em crianças entre três e nove meses de idade, na maioria das vezes sem causa definida e independente do uso da vacina.

Alguns cuidados especiais com a vacina:

  • Se um lactente regurgitar, cuspir ou vomitar durante a administração da vacina ou depois dela, a dose não deve ser repetida. Por este motivo aconselhamos não alimentar os bebês meia hora antes e após a vacina rotavírus
  • Doenças leves ou transitórias não contraindicam a vacinação
  • Não é necessário nenhum cuidado adicional nas trocas de fraldas além das precauções habituais
  • Recomenda-se adiar a vacinação em bebês com febre moderada a alta (acima de 38⁰C) ou diarreia intensa, até que ocorra a melhora desses sintomas. Não há problema se a febre for baixa ou a diarreia de leve intensidade, sem provocar desidratação.

Segurança da vacina:

  • Entre 2006 e 2012, no Brasil, 6,1 milhões de doses da vacina foram administradas pelo Ministério da Saúde, com apenas oito registros de casos de invaginação. A ocorrência é muito menor que o risco de hospitalização ou óbito decorrente de gastrenterite causada por rotavírus.
  • Sobre a vacina aplicada nos serviços privados, nos Estados Unidos, de 2006 e 2012, foram aplicadas 47 milhões de doses da vacina. Nesse período, ocorreram 584 casos de invaginação entre três e seis dias após a primeira dose da vacina. Esse total é muito próximo da quantidade esperada em crianças não vacinadas, o que demonstra que o risco oferecido pela vacina é pequeno.
  • Tem circulado nas redes sociais informações falsas sobre a vacina rotavírus estar desencadeando alergia à proteína do leite de vaca nas crianças vacinadas. A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS) endossa o posicionamento do Ministério da Saúde brasileiro ao esclarecer que essa vacina não contém a proteína do leite de vaca em sua composição. Tampouco há evidências científicas do desenvolvimento de alergia ao leite desse animal após a administração do produto, conforme constatado pelos laboratórios Biomanguinhos e GSK (responsáveis pela produção da vacina distribuída no Brasil).

Sendo assim, até o momento, não há nenhuma evidência científica, que contra-indique o uso da vacina, mostrando-se essa com benefícios superando em muito os riscos. Como foi dito anteriormente, as infecções gastrointestinais graves pelo rotavirus podem ser drasticamente reduzidas com a vacinação.

Fonte:

http://familia.sbim.org.br/seu-calendario/crianca

http://www.cedipi.com.br/blog/vacinas-rotav%C3%ADrus

http://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=4925:opasoms-e-ministerio-da-saude-esclarecem-que-vacina-contra-rotavirus-nao-causa-alergia&Itemid=821

Dra. Daniela Vinhas Bertolini, Pediatria e Infectologista Pediátrica – CRM 85228

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