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Vacina contra vírus Sincicial Respiratório para gestantes

Tivemos há alguns dias no Brasil o lançamento da vacina contra o vírus sincicial respiratório  (VSR) para gestantes, com o principal objetivo de proteção das gestantes e especialmente  dos seus bebês para infecções pelo vírus, um dos principais causadores de bronquiolite.  

O VSR é causador de infecções respiratórias, com predileção para recém-nascidos e bebês  pequenos, sendo facilmente transmitido de pessoa a pessoa através de gotículas ou  secreções respiratórias, tosse, espirro ou mesmo de forma indireta pelo contato com  superfícies ou objetos contaminados, onde o vírus pode ficar vivo por várias horas. Ele  possui um pico de circulação durante o inverno e primavera, mas com as mudanças  climáticas, temos encontrado o VSR durante todo o ano.  

A maioria das crianças terão sintomas leves de um resfriado, porém com potencial de  gravidade muito expressivo para evolução para bronquiolite, sendo essa uma importante  causa de internação, inclusive em unidades de terapia intensiva com necessidade de  suporte de oxigênio, podendo ocorrer inclusive evolução desfavorável, com sequelas ou  óbito.  

Não há tratamento específico para o VSR, por isso, todo investimento deve ser feito em  medidas de prevenção. Essas basicamente, são as mesmas contra qualquer vírus  respiratório, ou seja, afastamento de sintomáticos respiratórios, restrição de visitas,  lavagem de mão. Para crianças muito vulneráveis tínhamos uma medicação chamada  palivizumabe, que é um anticorpo monoclonal, ou seja, um anticorpo pronto aplicado pelo  SUS para grupos muito específicos, como cardiopatas, prematuros e pacientes com  algumas comorbidades. Apesar de muito eficiente, esse anticorpo tem curto período de  ação, uso muito restrito e alto custo. Além do palivizumabe, temos já licenciada uma  vacina para pessoas maiores de 60 anos (AREXVY ® da GSK) e outro anticorpo monoclonal  lançado (NIRSEVIMABE) mais ainda aguardando a chegada de fato no Brasil.  

Tivemos então recentemente o lançamento de um importantíssimo passo para prevenção  das infecções pelo VSR nos bebês. A vacina ABRYSVO® da Pfizer foi licenciada para uso em  gestantes, que estando vacinadas, passarão anticorpos para seus recém-nascidos através da placenta protegendo esses contra hospitalização e doença grave pelo vírus nos  primeiros 90 a 180 dias de vida da criança. O mecanismo e estratégia de proteção é muito  semelhante com o da vacina de coqueluche ou influenza, no qual vacinamos a gestante  para não apenas protegê-la, mas também objetivando a proteção do bebê.  

A vacina ABRYSVO® deve ser aplicada no segundo ou terceiro trimestre de gestação em  dose única. Os estudos mostraram um impacto de proteção muito bom com redução em  82% de doença grave em bebês provocada pelo VSR, 68% de redução de hospitalização  nos primeiros 90 dias de vida e 57% de internações até 180 dias de vida dos bebês.  

Apesar dela ser liberada no 2° e 3° trimestre (a partir de 24 semanas), a recomendação  oficial da Sociedade Brasileira de Imunização é que seja aplicada através de injeção  intramuscular, entre 32 e 36 semanas de gestação, em dose única. Algumas pesquisas  mostraram dados com relação da aplicação antes de 32 semanas e prematuridade. Isso  ainda está sendo avaliado e por segurança no Brasil a recomendação tem sido após 32  semanas. 

A vacina não é feita de vírus vivo, sendo de material inativado do VSR e portanto, impossível  da própria vacina causar doença na gestante ou mesmo no bebê.  

Importante dizer que a vacina não está liberada para puérperas (pessoas que já tiveram o  bebê), nem para pessoas em aleitamento materno. Por ser uma vacina muito nova,  também não houve liberação por hora para pessoas com imunodepressão, incluindo  gestantes que vivem com HIV. 

Por hora a vacina só pode ser encontrada em clínicas privadas de vacinação. Ainda possui  custo muito elevado, mas considerando-se tudo que ela pode trazer de proteção ao bebê,  ela é altamente recomendada caso a família possa realizá-la durante a gestação. 

Conversem com seu médico e se possível, vacinem. Será um dos maiores presentes que  seu bebê poderá receber. 

Dra. Daniela Vinhas Bertolini, Pediatra e Infectologista Pediátrica – CRM 85228

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