Uma das maiores causas de ansiedade e angústia por parte dos pais, é o choro do bebê. Especialmente quando se trata do primeiro filho.

Precisamos entender que já que o bebê ainda não fala, o choro é o seu principal meio de comunicação. O choro é o modo de avisar que algo não está bem, ou algo o incomoda.

Apesar disso, na maioria das vezes, não é nada anormal o que está acontecendo. Decifrar esse choro, para saber o que o bebê está querendo ou precisando, nem sempre é tarefa fácil. As causas do choro são muitas e vamos abordar as principais.

A fome é um dos principais motivos de choro do bebê. Especialmente se amamentado exclusivamente com leite materno (recomendado até 6 meses de idade),

Já que esse tem uma ótima digestibilidade, e nos primeiros meses , por esse motivo, o bebê pode querer mamar antes de completar 3 horas de intervalo. Isso se chama “ livre demanda”, que seria colocar o bebê para mamar sempre que ele quiser. Devido à grande quantidade de água que ele contém, o aleitamento materno vai matar a fome e também a sede do bebê, não sendo necessário e nem recomendado que se ofereça qualquer outro alimento para o bebê antes de 6 meses de idade, salvo em situações excepcionais em que o pediatra poderá intervir.

Quando o bebê nasce, muito frequentemente apresenta um certo grau de obstrução nasal. Isso pode causar um ”barulho” que muitos pais acham ser do pulmão, mas na maioria das vezes, é só mesmo narizinho entupido. Para que isso não atrapalhe a mamada, usar soro no nariz antes de cada mamada ajuda bastante, além, é claro, de não usar talco ou perfume no bebê ou em suas roupas. A obstrução nasal pode causar irritabilidade e choro do bebê.

Quando o bebê nasce, mesmo os nascidos a termo, ou seja, no tempo certo, o trato digestório como um todo, ainda tem uma certa imaturidade nas suas funções. Isso faz com que situações comuns como fazer a digestão, soltar gases e evacuar, além de regurgitações (que não tem sintomas de dor ou déficit de ganho de peso associados), sejam normais para essa faixa de idade, apesar de poderem causar desconforto e choro.

Se o bebê estiver com a fralda cheia de xixi ou tiver evacuado, essa sensação pode  também causar desconforto e consequentemente choro no bebê.

A temperatura ambiente e o modo como vestimos o bebê, também podem ser motivo de “ reclamação” por parte dos pequenos. Muitos pais inclusive relatam ter dificuldade para saber quanta roupa colocar no bebê. Por ter uma camada muito fina de gordura, o bebê em geral sente frio e logo fica com pés um pouco arroxeados e com surgimento de um leve reticulado na pele, que some ao colocarmos a roupa no bebê. Ainda que sinta frio e perca muito facilmente o calor do corpo, devemos usar o bom senso para também não agasalhar demais o bebê, pois o contrário também é verdadeiro e o excesso de roupa pode causar aquecimento e transpiração excessiva, que pode levar à uma desidratação, principalmente nos meninos, pois em geral, transpiram mais.

O tipo de roupa também deve ser levado em consideração. Sempre dar preferência para roupas de algodão para ficar em contato com a pele do bebê, ainda que precise colocar mais uma camada de roupa num dia mais frio. Meias com elástico que aperte a perninha do bebê, tiaras, roupas com babados e/ ou rendas, principalmente na região cervical, devem ser evitadas. Etiquetas grandes e de material áspero ou rígido, devem ser eliminadas.

Quando o bebê nasce ( na maioria dos casos), ele já está há cerca de 40 semanas com a mãe. Deste modo, se acostumou a ouvir sua voz e seus batimentos cardíacos, e em geral, se aninhar no colo da mãe é quase sempre uma receita de sucesso. O vínculo criado não é cortado junto com o cordão umbilical, e muitas vezes o bebê sente falta desses sons que o acalmam.

Sair da rotina como ir passar o domingo na casa da vovó com a família toda, é sempre bom, mas o bebê pode sentir falta do seu cantinho e da sua tranquilidade. No final do dia, ele pode dar sinais de cansaço, através do choro. Por outro lado, a falta de estímulo pode deixar o bebê entediado. E nada de usar telas (celular e computador) para isso, hein! Somente a partir de 2 anos e com horário e conteúdo controlados.

Existem situações “patológicas” que também causam choro no bebê. A doença do refluxo gastroesofágico e a alergia alimentar são algumas delas e deverão ser avaliada pelo pediatra ou gastropediatra.

Dra. Claudia G. F. Troccoli Menezes, Gastropediatra – CRM 69769