Se você sofre com isso, saiba que não está sozinha. Muitas crianças com idade entre 1 e 5 anos apresentam esse distúrbio alimentar, também denominado “picky eater”. Ele faz com que a criança fique muito seletiva e rejeite muitos alimentos. Motivo de stress e ansiedade, a manutenção desse quadro faz com que os cuidadores passem a nem oferecer novos alimentos, pois consideram que as crianças não vão aceitar. Assim, muito frequentemente, nos deparamos com casos no consultório de crianças que só comem determinados alimentos, como por exemplo, macarrão ou arroz ou bebidas lácteas.
Em muitos casos, diante das recusas, as refeições acabam sendo substituídas por alimentos industrializados, com alto teor de carboidratos, proteínas e gorduras, como sucos de “caixinha”, refrigerantes, bolachas , salsichas e macarrão instantâneo. Devemos levar em consideração, que a partir de 1 ano de idade, ocorre uma desaceleração do crescimento, o que pode levar a uma diminuição do apetite. Assim, não raramente, uma criança após 1 ano, pode comer uma quantidade de comida menor do que comia antes de completar 1 ano. Felizmente, a maioria dos casos, essa é uma situação transitória de adaptação da criança à uma diminuição das sua necessidades. Quando esse quadro persiste ou se agrava, pode levar a carência de ferro e outros nutrientes.
Diante da recusa de um alimento ou grupos de alimentos, a orientação é que devemos continua a oferecer esse mesmo alimento, obviamente com variadas apresentações e tipos de preparo. Se após 10 a 15 apresentações variadas ainda persistir a rejeição, daí sim devemos respeitar a aversão a esse alimento. Por vezes, essas crianças que podem ter aspecto normal ou até de sobrepeso, dando uma falsa impressão de que a alimentação está adequada. O acompanhamento com o pediatra vai possibilitar perceber variações na curva de crescimento pôndero-estatural e através de exames, detectar as alterações que acompanham esse tipo de quadro. Deficiência de vitaminas, zinco, cálcio e principalmente ferro, podem acarretar além de déficit de crescimento como já foi dito, diminuição do desenvolvimento cognitivo( e consequentemente do rendimento escolar) e deficiência do sistema imunológico. A sociabilidade também é afetada, pois a criança começa a ter um comportamento de se isolar e às vezes até agressividade, principalmente próximo aos horários das refeições. Os hábitos familiares na hora da alimentação podem interferir nessa situação. Famílias que fazem pelo menos uma refeição juntos, tem maior chance de sucesso.
As crianças podem ser mais receptivas a experimentar alimentos novos se seus pais e irmãos estão comendo também. Diversidade no tipo de alimento e no modo de preparo, assim como tentar montar pratos coloridos, podem ser fatores positivos na melhora da aceitação. A pirâmide alimentar é a referência a ser seguida para adequar os tipos de alimentos a serem oferecidos e suas quantidades. Para tal, a avaliação com nutricionista pode ser grande auxílio.
Por fim ,na hora da refeição,lembrar de proporcionar um ambiente adequado e sem distrações , como a tv ligada.
Acompanhe seu filho com o pediatra regularmente.Após 1 ano de idade, as consultas podem ter um espaçamento maior, mas não devem ultrapassar 3 meses de intervalo.Caso tenha dúvidas ou a criança comece a ter dificuldade na aceitação alimentar, antecipe a consulta. A saúde do seu filho agradece!
Dra. Cláudia G.F. Troccoli Menezes, Gastropediatra – CRM-SP 69769