Bronquiolite é uma doença infecciosa, respiratória aguda, caracterizada pela inflamação dos bronquíolos, que são as menores porções dos brônquios, dentro das vias aéreas, acometendo especialmente os bebês e crianças pequenas, principalmente as menores de 2 anos.
A bronquiolite é a principal causa de internação de crianças menores de 2 anos no Brasil, especialmente na época de outono e inverno, tendo um potencial para desfecho mais desfavorável e inclusive o óbito em casos muito graves.
A doença tem como principal causador as infecções virais, tendo o vírus sincicial respiratório, o VSR como seu principal agente entre as crianças pequenas. Outros vírus possíveis incluem influenza, rinovírus, adenovírus, parainfluenza e mesmo o Sars-Cov 2, que é o vírus do covid. Outros fatores podem ser também desencadeantes de bronquiolite, como contato com poeira, poluição entre outros.
A bronquiolite, especialmente a viral pode ter como sintomas tosse, coriza, obstrução nasal, febre, irritabilidade, dificuldade para mamar, respiração dificultada, rápida, chiado no peito. Algumas crianças podem ter ainda sintomas de conjuntivite, dor de ouvido, vômitos e mesmo diarreia associada. Em casos mais graves podemos ainda ter sonolência, extremidades ou mesmo lábios arroxeados, gemência (gemidos aos respirar) e mesmo parada respiratória se o desconforto estiver muito intenso. Caso a criança tenha sinais de gravidade a avaliação é urgente e nunca devemos aguardar esse estágio para buscar o serviço médico.
Nos casos suspeitos devemos procurar o pediatra, que irá iniciar a avaliação clinicamente, através da história e exame físico da criança, sendo obrigatório já avaliar a oximetria para observar como está a oxigenação do sangue do paciente. Em casos mais intensos sempre será feito Rx de tórax e exames laboratoriais necessários, incluindo os testes de investigação dos vírus respiratórios, com pesquisa de VSR, influenza, covid e outros se necessário e possível, feitos através do swab nasal e através de testes rápidos que permitem termos os resultados bem rapidamente.
A abordagem vai depender da intensidade dos sintomas. Casos graves, quando a criança está muito desconfortável ou com a saturação baixa, exigirá internação para tratamento e suporte de oxigenioterapia. Casos mais leves podem ser tratados em casa, com suporte, medicações sintomáticas, hidratação, uso de medicações específicas em alguns casos e tratamento com o antiviral nas infecções por influenza. Em todos os casos há benefícios de realizar fisioterapia respiratória e seu pediatra poderá orientá-lo como proceder.
Importante ressaltarmos que a criança passa por uma jornada na evolução de sintomas com pico de piora normalmente no 3 a 5.dia de doença, dessa forma a reavaliação e seguimento é fundamental, porque em alguns casos a necessidade de internação pode acontecer com o passar dos dias.
Todas as crianças são possíveis de ter bronquiolite mas algumas são mais propensas e devemos estar mais alertas, podendo ser essas as mais fáceis de complicar na evolução. São elas, os prematuros, bebês com problemas cardíacos ou respiratórios crônicos, além daquelas com alguma imunodeficiência. Crianças com baixo peso, também podem ser colocadas naquelas mais propensas a complicações.
A bronquiolite pode evoluir bem, com cura total, mas uma proporção dos casos manterá uma certa sensibilidade pulmonar durante um período, tendo muito mais facilidade para novas crises de chiado quando em contato com algum estímulo, como mudança climática, poeira, mofo entre outros estímulos. Essa sensibilidade pode durar um tempo limitado e após esse a criança fica de fato curada ou uma porcentagem pequena pode evoluir com uma complicação grave chamada bronquiolite obliterante, que é uma doença crônica pulmonar, causada por inflamação constante do pulmão e vias aéreas, dificultando que o pulmão se recupere, mantendo sempre tosse crônica, cansaço, certa dificuldade para respirar e facilidade para novas infecções.
Frente a toda essa possível gravidade, medidas de prevenção devem sempre ser adotadas, sendo elas gerais incluindo manter o seguimento de rotina da criança com as consultas pediátricas habituais, boa alimentação, priorizando o aleitamento materno, manter medidas de higiene com lavagem frequente de mãos e uso de álcool gel ao manusear o bebê, evitar excesso de visitas e aglomerações e não ter contato com pessoas com sintomas respiratórios, além de manter as vacinações sempre em dia, incluindo a vacinação da gestante e do bebê assim que possível para covid e influenza. Outra orientação muito importante é que caso você mesma(o), a(o) principal cuidador da criança esteja resfriado ou gripado, capriche muito na higiene de mãos e fique de máscara ao estar com o bebê.
A grande medida de prevenção focada no VSR, o grande vilão das bronquiolites é a vacinação da gestante e o uso do anticorpo monoclonal nirsevimabe para os recém-nascidos ou bebês, a depender da situação vacinal materna. Falamos delas em edições anteriores e com certeza, ambas medidas podem mudar nosso panorama de prevenção das bronquiolites. Prevenir sempre é o melhor caminho!!!
Em casos de dúvidas, procure sempre esclarecer com o profissional da saúde.