Expor os filhos nas redes sociais, mostrando aspectos da vida desses, da maternidade ou paternidade é uma prática cada vez mais comum. Ao exercerem essa liberdade os pais acabam por expor indevidamente informações pessoais de menores e colocá-los ainda em situação de vulnerabilidade. Esse tipo de atitude, conhecida como sharenting – termo em inglês que combina as palavras “share” e “parenting” –, parte de uma tendência crescente e que pode ter consequências indesejadas. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) alerta para os perigos e impactos de longo prazo desse hábito na vida dos menores.
Quem terá acesso as imagens e postagens é sempre uma incognita, podendo as informações serem utilizadas com diferentes finalidades, desde o roubo de identidade, cyberbullying, fins comerciais a outras ameaças à segurança, como em crimes de violência e abusos nas redes internacionais de pedofilia ou pornografia. A exposição exagerada de informações sobre crianças representa uma ameaça à intimidade, vida privada e direito à imagem, como dispõe o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Tornar crianças “influencers” em redes sociais também traz consigo riscos imensos, forçando muitas vezes as crianças a exporem através de imagens uma vida falsa, não concordante com sua vida real. Isso pode trazer consequencias sérias na construção psiquica e emocional dessas crianças.
Os pais que desejam compartilhar fotos e vídeos de seus filhos online podem tomar medidas protetivas para garantir que o conteúdo não seja usado para fins maliciosos. Por exemplo, é possível limitar o público de postagens para que apenas aqueles em quem você confia que possam ver o conteúdo. Estejam sempre atentos e muito próximo dos seus filhos, sempre ressaltando que a vida real não tem preço e é imensamente melhor que a vida virtual.
Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria
Dra Daniela Vinhas Bertolini, Pediatra e Infectopediatra – CRM 85228