A Sociedade Brasileira de Pediatria publicou essa semana, recomendações para uso de repelentes em crianças. Confiram os principais pontos e o link para acesso ao texto completo.
1. Evitando os mosquitos
a. Proteção mecânica: utilize roupas com as mangas longas e calças compridas. As roupas finas não impedem as picadas, preferir tecidos de trama mais fechada e mais grossos. Evite roupas escuras (atraem mais insetos) e as roupas que ficam muito coladas ao corpo pois elas permitem a picada. O uso de perfumes pode atrair alguns insetos e deve ser evitado nas crianças. Algumas roupas já vêm tratadas com substâncias repelentes (geralmente artigos esportivos como camisas para camping e pesca).
b. Nos períodos do nascer e do pôr do sol as janelas devem ficar fechadas, o que reduz a entrada de muitos mosquitos. Os mosquitos como o Aedes atacam mais durante as primeiras horas da manhã e no final da tarde, mas podem picar à noite se houver suficiente luz artificial. São encontrados em locais abertos e possuem predileção pelo tornozelo, então a criança deve ser protegida quando está brincando fora de casa, com roupas que cubram esta parte do corpo. O uso do ar condicionado ajuda a manter os mosquitos afastados.
c. Existem produtos que podem ser utilizados nas roupas como a permetrina 0,5% em spray (para ser aplicada APENAS nas roupas e telas de janelas e NÃO diretamente sobre a pele).
d. Instalação de telas e mosquiteiros.
e. A dedetização por empresa especializada reduz a quantidade de mosquitos na casa, mas deve-se seguir todas as orientações de tempo de afastamento da casa e limpeza após a sua realização.
f. Os repelentes elétricos (com liberação de inseticidas) são úteis e diminuem a entrada dos mosquitos quando colocados próximos das janelas e portas. Deve-se tomar cuidado com os repelentes líquidos que podem ser retirados da tomada pela criança e acidentalmente ingeridos.
g. Aparelhos ultrassônicos ou que emitem luzes não possuem eficácia comprovada.
h. Realizar a limpeza do terreno da casa e, se possível, de terrenos, praças ou casas próximas, além da retirada de lixo e entulhos que possam acumular água parada que servem como local de criação de novos mosquitos.
2. Uso de repelentes
Os repelentes tópicos podem ser usados para passeios em locais com maior número de insetos como praias, fazendas e chácaras, não devendo ser utilizado durante o sono ou por períodos prolongados.
Na tabela 1, constam alguns dos repelentes existentes no Brasil e suas respectivas concentrações da substância ativa. Eles atuam formando uma camada de vapor com odor que afasta os insetos. Sua eficácia pode ser alterada pela concentração da substância ativa, por substâncias exaladas pela própria pele, fragrâncias florais, umidade, gênero (menor eficácia em mulheres), de modo que um repelente não protege de maneira igual a todas as pessoas.
a. Abaixo de 6 meses – não há estudos nessa faixa etária sobre segurança dos repelentes.
b. Acima dos 6 meses – IR3535 – protege por cerca de 4 horas, os estudos diferem quanto ao período de ação contra o Aedes aegypti que parece ser muito curto.
c. Acima de 2 anos – os que contém DEET são os mais utilizados. Quanto maior a concentração da substância, mais longa é a duração do seu efeito, com um platô entre 30 e 50%. Uma formulação com cerca de 5% de DEET confere proteção por aproximadamente 90 minutos, com 7% de DEET a proteção dura quase 2 horas e com 20% de DEET a proteção é de 5 horas. A maioria dos repelentes disponíveis no Brasil possuem menos de 10% de DEET.
A restrição da concentração de DEET a 15% ou menor pode resultar em doses insuficientes para a prevenção de doenças potencialmente graves como a Dengue e a Zika.
d. Icaridina – em concentrações de 10% confere proteção por 3 a 5 horas e a 20%, de 8 a 10 horas. Deriva da pimenta e permite aplicações mais espaçadas que o DEET, com eficácia comparável. Parece ser mais potente contra o Aedes Aegypti do que o DEET e o IR3535 e está liberado para uso acima de 2 anos.
e. Óleos naturais: são os mais antigos repelentes conhecidos e parecem ter eficácia razoável. Porém, por serem altamente voláteis (evaporam rápido), protegem por pouco tempo. O óleo de citronela por evaporar muito rápido, fornece proteção muito curta.
f. Esses produtos podem causar reações alérgicas locais e sistêmicas e devem ser usados com cautela e, preferencialmente, com a orientação do Pediatra.
g. Atenção ao utilizar pulseiras de citronela, pois além da baixa eficácia já foram relatados casos de alergia no local do contato com a pele.
3. Orientação quanto à aplicação dos repelentes:
a. NUNCA aplicar na mão da criança para que ela mesma espalhe no corpo. Elas podem esfregar os olhos ou mesmo colocar a mão na boca.
b. Aplicar a quantidade e intervalo recomendados pelo fabricante, lembrando que a maioria dos repelentes atuam até 4cm do local da aplicação.
c. NÃO aplicar próximo da boca, nariz, olhos ou sobre machucados na pele e seguir as orientações do fabricante guardando a bula ou embalagem para posterior consulta, em caso de ingestão ou efeitos adversos.
d. Assim que não for mais necessário o repelente deve ser retirado com um banho com água e sabonete.
e. NÃO permitir que a criança durma com o repelente aplicado. Apesar de seguro se usado corretamente o repelente é uma substância química e pode causar reações alérgicas ou intoxicações na criança quando utilizado em excesso.
f. Em locais muito quentes (temperaturas maiores que 30 graus) ou em crianças que suam muito, os fabricantes recomendam reaplicações mais frequentes.
g. Repelentes com hidratantes ou protetores solares devem ser evitados, pois essas associações não são recomendadas em crianças. Pode-se aplicar o protetor solar e após 20 a 40 minutos realizar a aplicação do repelente escolhido.
h. A apresentação em loção cremosa é mais segura do que a apresentação em spray e deve ser preferida nas crianças.
Fonte:
http://www.sbp.com.br/src/uploads/2012/12/Repelentes-2015.pdf
Dra Daniela Vinhas Bertolini, Pediatra e Infectopediatra – CRM 85228