Desde 2012, o Estado de São Paulo tem apresentado aumento significativo do número de casos de acidentes com escorpiões, registrando-se no ano de 2018 o maior número dos últimos 30 anos, com um total de 30.707 casos com 13 óbitos, segundo dados do Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado de São Paulo (CVE). Esse ano, até final de fevereiro, já haviam sido computados 4.025 casos, com 2 óbitos.
O período de pico de circulação de escorpiões é nos meses quentes e úmidos de verão, quando também temos maior risco de acidentes. Seu habitat urbano são locais onde temos entulhos, lixos, folhas secas, materiais de construção.
Crianças menores de 10 anos e idosos são as populações de maior risco para manifestações graves nos acidentes e complicações. Devemos sempre alertar as crianças para não manusearem escorpiões caso os encontrem durante as brincadeiras.
Os acidentes podem ser extremamente graves, devendo-se procurar um serviço de saúde de referência o mais rápido possível em caso de picada. A avaliação médica sempre é fundamental!!!
Orientamos sempre que possível e com segurança, levar também o escorpião ou uma foto desse, para que seja feita a identificação da espécie envolvida no acidente. A prioridade sempre é o paciente, então levar o animal é uma orientação para ser cumprida se possível, pense sempre primeiro na pessoa acidentada. Em São Paulo, o Hospital Vital Brasil, situado dentro do Instituto Butantã na Zona Oeste da cidade, é a referência em casos de acidente com escorpiões e outros animais peçonhentos, funcionando 24 horas.
Em caso de acidente, além de procurar imediatamente assistência médica, é importante lavar o local com água e sabão, não garrotear, cortar, sugar nem perfurar a lesão, podendo fazer compressas mornas para alívio da dor (as compressas frias pioram muito esse sintoma). Sempre retirar sapato, correntes, anéis e tudo que possa garrotear a região quando inchado. Hidratar, deitar e acalmar o paciente também são fundamentais.
A manifestação clínica da picada é sempre dor local em 100% dos casos. Além da dor podem aparecer suor excessivo, anestesia da região, vermelhidão, inchaço. Em casos de envenenamento grave, podem acontecer manifestações sistêmicas minutos a horas após a picada, com agitação, tremores, náuseas, vômitos, salivação excessiva, alteração da pressão arterial, arritmias cardíacas, entre outras manifestações. Crianças são o grupo de maior risco para o quadro de envenenamento grave.
Quando só existem manifestações locais, o tratamento é sintomático para alívio da dor. Em casos graves é necessário o uso do soro antiescorpiônico, além de internação e suporte geral de hidratação, oxigênio e medidas de estabilização do paciente.
A prevenção do contato com escorpiões é de suma importância, evitando-se que ele entre nas casas. Recomenda-se:
- uso de tela em ralos de chão, pias, tanques, vedar frestas em paredes e embaixo de portas.
- manter afastada da parede cama e berço.
- não usar mosquiteiros ou outros protetores de berço que alcancem o chão.
- sempre verificar e sacudir roupa de cama, banho e corpo antes de usar, assim como calçados pois os escorpiões podem se esconder neles e picar quando comprimidos contra o corpo.
O cuidado com o ambiente também é fundamental, evitando acumulo de lixo, armazenando esse sempre em sacos fechados, evitando proliferação de baratas, já que essas são os principais alimentos dos escorpiões das áreas urbanas. Evitar acúmulo de folhas secas em jardins, assim como manter o gramado cortado. Usar roupas adequadas como botas e luvas para manipular os jardins e não colocar a mão em buracos, troncos apodrecidos ou pedras onde não seja adequada a visualização do espaço. Não existem pesticidas que combatem escorpiões.
A prevenção é o melhor caminho!!! Em caso de dúvidas, sempre procure orientação de profissionais de saúde.
Dra. Daniela Vinhas Bertolini, Pediatria e Infectologista Pediátrica – CRM 85228