O vírus HPV é considerado hoje, o responsável pela Doença Sexualmente Transmissível (DST) mais frequente mundialmente, causando não apenas o condiloma acuminado (verrugas genitais), mas também câncer de colo de útero, vulva, vagina e ânus e suas lesões precursoras.
O impacto da infecção é bem diferente nos homens ou mulheres, tendo maior possibilidade para evolução para o câncer genital na população feminina. Os HPV são divididos nos de baixo risco (HPV 6 e 11) ou alto risco (HPV 16,18,31,45) para evolução para lesão cancerosa.
Estudos mostram que 70 a 80% das pessoas sexualmente ativas se infectarão com um ou mais tipos de HPV durante algum momento da vida.
O pico de aquisição da infecção pelo HPV é 15 a 25 anos, existindo aumento progressivo das taxas de infecção entre a população adolescente, devido a algumas características como início precoce da vida sexual, múltiplos parceiros, falta de exigência de uso de preservativo nos relacionamentos, entre outras.
Por conta disso, meninas pré púberes não infectadas são consideradas como o grupo ideal para vacinação. Pesquisas mostram que é nessa fase que alcançamos as maiores respostas imunológicas de proteção com a vacina (as pré adolescentes produzem o dobro de anticorpos desencadeados pela vacina, quando comparada a outras faixas etárias).
Lembrar sempre que o do preservativo não é garantia de proteção !!!!! O HPV é um vírus de transmissão por contato, portanto áreas descobertas pelo preservativo, quando em contato com a lesão do parceiro/a são susceptíveis a serem contaminadas. Dessa forma, todos os esforços devem ser feitos para que os adolescentes meninos e meninas sejam vacinados.
A vacina do HPV é inativada, feita por engenharia genética, não contendo agentes vivos e portanto incapaz de causar a doença. É segura e altamente imunogênica, ou seja, capaz de levar a proteção a quase 100% dos vacinados para os sorotipos envolvidos na vacina.
O Programa Nacional de Imunizações (PNI) disponibiliza a vacina para meninas de 9 a 13 anos de idade. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) recomendam a vacinação de meninas e mulheres de 9 a 45 anos de idade e meninos e jovens de 9 a 26 anos.
Existem dois esquema possíveis, com duas doses (feito para menores de 15 anos, com a segunda dose dada 6 meses após a primeira) e três doses (para todas as idades, com a segunda dose dois meses após a primeira, e a terceira seis meses após a primeira). Ambos tem eficácia igual, sendo adotado o esquema de duas doses pelo Ministério da Saúde.
Com relação aos eventos adversos, muitos estudos existem tanto pré quanto pós licenciamento da vacina, todos mostrando possibilidades baixas de reações, sendo essas normalmente locais (dor, vermelhidão e inchaço) ou sintomas gerais como náuseas, vômitos e dor de cabeça. Foram documentadas ainda reações psicogênicas descritas como pânico e desmaios causados pelo medo da injeção e não pela vacina – principalmente em adolescentes e mulheres jovens. Não ocorreu nenhum caso de doença neurológica, paralisia ou doença autoimune. Os casos ocorridos em Bertioga no passado foram amplamente estudados, sendo excluído qualquer possibilidade de relação com eventos neurológicos orgânicos, sendo concluído tratarem-se de eventos psicogênicos.
Vamos vacinar nossos adolescentes e adultos jovens!!! É a mais eficaz forma de prevenção para a infecção pelo HPV.
Dra. Daniela Vinhas Bertolini, Pediatria e Infectologista Pediátrica – CRM 85228