Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), nas últimas décadas houve um crescimento da dengue em nível mundial de 30 vezes, acometendo hoje mais de 100 países, com metade da população mundial vivendo em áreas endêmicas da doença e com risco de transmissão.
O número de indivíduos infectados anualmente, em todo o mundo, é cerca de 390 milhões sendo que um quarto desses casos, 96 milhões desenvolvem formas sintomáticas e meio milhão evolui para formas graves da doença (hospitalização), sendo reportadas 25.000 mortes anuais.
A dengue afeta indivíduos de qualquer idade sendo o maior número de casos confirmados entre adolescentes e adultos jovens. No Brasil, em 2015, foram reportados mais de 1.600.000 de casos suspeitos da doença, sendo 20.000 deles classificados como dengue com sinais de alarme, cerca de 1.600 casos graves e 863 óbitos.
Há muito se deseja uma vacina segura e eficaz contra a doença e embora várias estejam em diferentes fases de desenvolvimento, só há uma vacina licenciada em todo mundo, a do laboratório Sanofi Pasteur (Dengvaxia®), aprovada pela Anvisa em 2016, e agora disponível em serviços privados de imunização do Brasil. Trata-se de uma vacina de vírus vivos atenuados, tetravalente, composta por quatro cepas recombinantes vivas atenuadas de vírus da dengue.
A vacina comprovou sua segurança através de diversos estudos científicos que envolveram mais de 20.000 vacinados. Eventos sistêmicos mais comuns foram dor de cabeça, fadiga , dor muscular e febre, que ocorreram em 16% dos pacientes entre 9-17 anos e em 5% dos pacientes entre 18-60 anos. Quanto a eventos adversos no local da aplicação, o mais comum foi dor.
Dado interessante foi que os indivíduos previamente infectados por algum sorotipo de dengue demonstraram uma melhor eficácia da vacina em comparação com aqueles nunca expostos a doença.
A eficácia total para todos os sorotipos em pacientes maiores de 9 anos foi de 65,6%, sendo maior nos pacientes que apresentavam soropositividade prévia (contato com o vírus previamente) 81,9%. A eficácia demonstrada para formas graves da doença foi de 95,5% e para a prevenção de hospitalização de 80,3%.
A vacina está licenciada em nosso país para indivíduos de 9 a 45 anos de idade no esquema de três doses: 0, 6 e 12 meses. Não estão definidas ainda a duração da proteção e a eventual necessidade de doses de reforço subsequentes.
As Sociedades Brasileiras de Pediatria, Imunizações e Infectologia recomendam, em nível individual, em seus calendários, o uso rotineiro da vacina dengue para pessoas de 9 a 45 anos que vivem em região de risco para a doença, no esquema habitual de três doses (0, 6 e 12 meses).
Fonte: http://www.sbp.com.br/src/uploads/2016/08/OS19009A-Folheto-Preveno-da-Dengue-Vacina.indd_.pdf
Dra. Daniela Vinhas Bertolini, Pediatria e Infectologista Pediátrica – CRM 85228