Apesar da situação ter sido descrita há décadas, a morte súbita do lactente permanece uma grande incógnita para medicina. É um evento raro (0,5 a 2/1000 nascimentos vivos) e trata-se da situação extremamente trágica, de encontrar o bebê sem vida no berço, durante o sono. Algumas hipóteses para isso existem, como má formações em sistema nervoso central ou cardíaca, refluxo gastroesofágico, apnéia, ente outros.
Algumas situações são consideradas de risco como posição prona (de bruços), bebês menores de 4 meses, prematuros nascidos com menos de 32 semanas, eventos anteriores de flacidez, mudança de cor (palidez extrema ou ficar roxo), histórico de doença (infecção, erro inato do metabolismo), atraso de desenvolvimento, histórico familiar de morte súbita, exposição a tabagismo antes e após o nascimento, meses do inverno, compartilhar cama, aleitamento artificial, contato com adultos que consomem álcool ou drogas.
Estudos epidemiológicos realizados no Brasil coloca ainda como fator de risco bebês afrodescendentes, sexo masculino, baixo peso ao nascer, mãe adolescente, pré-natal incompleto, multiparidade materna (muitas gestações), baixa escolaridade ou baixa renda dos pais.
Existem recomendações para “ambiente seguro de sono” que devem ser adotadas por todas as famílias no intuito de prevenção da morte súbita. São eles:
- colocar o bebê para dormir de barriga para cima
- dormir em berço com superfície firme (alguns locais recomendam no mesmo quarto dos pais)
- evitar colchão mole, lençóis soltos, fraldas, protetores, bichos de pelúcia, gorros e cobertas em excesso
- evitar exposição ao tabaco pré e pós natal, álcool, drogas ilícitas
- incentivar o aleitamento materno
- vacinação rotineira em dia
- uso de chupeta
- não partilhar a cama com os pais ou outros adultos
- não dormir em cadeirinha, canguru, balanço, sofá/poltrona pelo risco de asfixia
- evitar enfaixar o bebê com fraldas/cueiros
- não usar fita fixadora de chupeta pelo risco de estrangulamento
Alguns bebês apresentam histórico de episódios prévios de flacidez, como uma perda de força associado a mudança de cor, ficando muito pálido ou arroxeado. Caso isso ocorra, a família sempre deve procurar assistência médica, mesmo que o bebê pareça bem após. Esse pode ser um sinal de alerta para que algo deva ser avaliado, podendo ser diagnosticado e prevenido dessa forma a morte súbita do lactente.
Em caso de dúvida, converse sempre com seu pediatra.
Dra. Daniela Vinhas Bertolini, Pediatra e Infectologista Pediátrica – CRM 85228