Nosso Blog

Febre pelo vírus zika

O verão está chegando e novamente o receio da dengue ronda a população. No ano de 2015 tivemos acompanhando a Dengue, uma nova doença, Febre do CHIKUNGUNYA e agora um novo receio, a Febre pelo Vírus Zyka.

As três são doenças virais, causadas por vírus diferentes, porém todas transmitidas pela picada pelo Aedes aegypti. Para as três situações, a melhor forma de prevenção é o combate ao mosquito, evitando locais onde podemos ter acúmulo de água, além de uso de repelentes.

Vamos descrever abaixo um pouco dessa nova doença através de informações do CVE (Centro de Vigilância Epidemiológica “Prof. Alexandre Vranjac” do Governo Do Estado de São Paulo – Secretaria de Estado da Saúde).

Febre pelo Zyka, é uma doença causada pelo vírus Zika (ZIKV), filogeneticamente próximo ao vírus da dengue, ao vírus da febre amarela, à encefalite por Saint Louis ou ao vírus do Nilo Ocidental.

O vírus Zika foi isolado em 1947, na floresta Zika em Uganda (motivo da denominação do vírus). É endêmica no leste e oeste do continente africano. No ano de 2007 foi notificado o primeiro surto de Zika vírus fora da África e Ásia, sendo notificados 185 casos suspeitos na ilha de Yap, na Micronesia. De 2007 a 2012 não houve relato de novos casos de Zika vírus nas Ilhas do Pacífico. Em 2013 o vírus reaparece na Polinésia Francesa disseminando a transmissão em diversas ilhas da Oceania. Foram registrados cerca de 10.000 casos, com 70 casos graves que apresentaram complicações neurológicas (síndrome de Guillain Barre, meningoencefalite) ou auto-imune (púrpura trombocitopênica, leucopenia). Casos importados do Zika vírus foram descritos na Austrália, Alemanha, Canadá, Itália, Japão e Estados Unidos. Nas Américas, o Zika vírus foi identificado somente na Ilha de Páscoa, território do Chile no Oceano Pacífico, no início de 2014. No final de 2014 ele chegou no Brasil, com os primeiros casos identificados no nosso território.

Modo de transmissão: Transmitido pela picada do mosquito Aedes, sendo na área urbana o principal vetor é o Aedes aegypti. Na literatura científica também é descrita a ocorrência de transmissão ocupacional em laboratório de pesquisa, transmissão perinatal e um único caso de transmissão sexual.

Período de Incubação: Após a picada de mosquito, os sintomas da doença aparecem de três a doze dias.

Quadro Clínico: Os sinais e sintomas mais comuns são: febre baixa, dor articular, muscular, de cabeça, manchas na pele, inchaço nas pernas, olhos avermelhados. Com menos frequência, podem apresentar dor atrás dos olhos, falta de apetite, vômitos, diarreia ou dor abdominal. Porém, em alguns casos a infecção pode ser assintomática. A doença é autolimitada, com duração de 4 -7 dias.

Tratamento: Não há tratamento específico. O tratamento é sintomático e de suporte, incluindo repouso, ingestão de grandes quantidades de fluidos e uso de analgésicos para febre e dor. No caso de manchas na pele com coceira, os antialérgicos podem ser considerados. Não é recomendável o uso de ácido acetilsalicílico (AAS) e de drogas anti-inflamatórias devido ao risco aumentado de síndrome hemorrágica, como ocorre com outros flavivírus (como na dengue).

Diagnóstico: o diagnóstico é clínico, sendo sempre suspeitado da doença caso haja exantema maculopapular pruriginoso (manchas avermelhadas na pele com coceira) acompanhado de DOIS ou mais dos seguintes sinais e sintomas: Febre ou hiperemia conjuntival sem secreção (vermelhidão em olhos) e prurido ou poliartralgia (dores articulares) ou edema periarticular (inchaço próximo as articulações).

Até o momento não se dispõe, no país, de técnica laboratorial com sorologia para o diagnóstico na rotina dos serviços de saúde. Não há disponibilidade de testes sorológicos comerciais para ZIKV no mundo. Na fase aguda da doença o diagnóstico poderá ser feito por exames moleculares, chamado PCR. Todo caso suspeito deve ser notificado e a investigação será realizada pelos serviços públicos, sendo as amostras colhidas encaminhadas para o Centro de Laboratórios Regionais determinado pela Secretaria de Saúde.

Zyka e microcefalia: ainda não existem evidências comprovadas da relação do Zyka com os casos recentes de microcefalia. Um dos casos recentes de microcefalia teve o zyka isolado em líquido amniótico, sangue e tecidos. Existem fortes evidências de que talvez o zyke tenha sido responsável pela situação, porém os casos ainda são muito recentes e estão sob investigação. Não há até o momento recomendação das mulheres não engravidarem como foi veiculado pela mídia, porém ainda se trata de uma situação bastante nova e pesquisas estão em curso para nos trazer as respostas.

As medidas de prevenção para veiculação do mosquito com certeza é a melhor estratégia de prevenção da Febre pelo Zyka.

Fontes: http://www.cve.saude.sp.gov.br/htm/zoo/informes/ZIKA15_NOTA_INFORMATIVA01_MAIO.pdf

http://www.cve.saude.sp.gov.br/htm/zoo/informes/ZIKA15_NOTA_INFORMATIVA02_NOV.pdf

Dra Daniela Vinhas Bertolini, Pediatra e Infectopediatra – CRM 85228

Está gostando do conteúdo? Compartilhe.

Deixe um comentário