A Chegada de um novo irmão ou irmã
O ciúme entre irmãos é bastante conhecido dos pais que tem mais de um filho e algo que muitas vezes temos dificuldades para lidar.
Com a chegada de um novo bebê, todos na família têm que fazer grandes ajustes. O que era costumeiro pode mudar da noite pro dia: o filho único passa a ser o irmão ou irmã mais velho(a) e o novo irmãozinho se torna o caçula.
É prudente entendermos que certos sentimentos a esse respeito possam durar por muito tempo, às vezes toda a vida. A maneira pela qual nos sentimos em relação a nossos irmãos é um fio condutor poderoso que nos acompanha por nossa vida e que pode, facilmente, vir à tona em diferentes momentos.
Para muitas crianças – e não importa todo cuidado dos pais em prepará-las para esse acontecimento – um novo irmãozinho fica sendo para sempre um choque. Eles esperavam um novo coleguinha e quem chega mesmo é um bebê real, vivo, que chora, que precisa de cuidados e que é muito exigente.
Para o primogênito, a realidade cruel de um novo irmãozinho demonstra que ele deixou de ser o centro do universo para seus pais.
Contudo, é natural que o filho mais velho apresente demonstrações de ciúmes, ressentimento, insegurança, raiva e infelicidade como resposta ao nascimento do novo irmão. O que, muitas vezes fica difícil para os pais entenderem, é a maneira pela qual esses sentimentos se expressam:
- Algumas crianças tentam machucar o bebê fisicamente, ou dizem para quem quiser ouvir que querem que o bebê vá embora.
- Outras podem demonstrar todo carinho do mundo para o novo irmãozinho, mas ficam hostis com a mãe.
- Podem ficar retraídas, passando a chupar o dedo e a molhar a cama.
- Outras, ainda, podem ter um comportamento ótimo em casa, mas cheio de problemas na escola.
Cada criança apresenta algum tipo de dificuldade diferente relacionada ao irmão:
- A criança pode aceitar o novo irmãozinho sem demonstrar ciúme, mas quando o bebê já estiver com nove meses e quiser pegar seus brinquedos, um ressentimento exacerbado pode aflorar.
- Podem surgir problemas no momento em que a criança mais nova começa a se socializar, faz seus próprios amigos e não depende mais tanto de seu irmão mais velho.
- Ou ainda, a criança pode parecer mais popular ou bem sucedida na escola que o irmão mais velho.
O comportamento desagradável e desrespeitoso está diretamente relacionado ao medo de deixarem de ser amados.
Algumas dicas práticas
- Tente evitar muitas mudanças ao mesmo tempo. Mudar de casa ou iniciar um novo grupo de amiguinhos, por exemplo, são atividades que deveriam ser postergadas, o máximo possível.
- Não deixe de estimular e mostrar seu apreço por qualquer ajuda ou gesto de amor do seu filho para com o novo bebê, e ignore comportamentos negativos e infantis quando for possível.
- Passe tarefas pequenas e leves para seu filho, para motivar seu relacionamento com o bebê. Não force se a resposta for negativa, mas mostre todo o seu apreço por cada ajuda que receber.
- Procure passar algum tempo só com o seu filho mais velho, sem a presença do bebê, em algum lugar onde possam ler ou brincar só os dois.
- Seja firme com relação a comportamentos negativos, mas sem fazer seu filho sentir-se culpado. Mostre que o errado é o comportamento, e não ele próprio.
- Tome o cuidado de não cair no hábito de pensar em comportamento “bom” ou “mau” e em crianças “boas” ou “más” na família. Certos mitos são difíceis de serem abandonados.
- Cuidado com sinais de retraimento ou depressão. Compartilhe sua preocupação com o pessoal da escola. Uma criança com dificuldade em demonstrar sentimentos intensos com relação ao seu irmãozinho pode escondê-los profundamente e precisar de ajuda para poder falar a respeito com alguém que não seja da família.
Fonte: http://www.ip.usp.br/portal/images/stories/lefam/ATT00032.pdf
Luciana B. Fantacini Skowronek, Psicologa – CRP 06/48642