A campanha de vacinação contra a gripe de 2023 do Ministério da Saúde (MS) iniciará em abril. Ainda não houve a divulgação oficial, mas possivelmente deve acontecer em etapas como nos anos anteriores, priorizando inicialmente grupos mais vulneráveis como idosos e trabalhadores da saúde, seguidos de crianças, gestantes, puérperas, professores, povos indígenas, portadores de comorbidades entre outros.
O objetivo principal da vacina da gripe é reduzir as complicações, internações e óbitos decorrentes das infecções pelo vírus influenza na população. É importantíssimo destacar que a vacina é feita de vírus inativado, portanto morto e incapaz de causar qualquer doença pelo ato da vacinação. O Ministério da Saúde promove uma campanha muito grande, com número de
doses elevado, mas vivemos em um país de dimensões tropicais e uma grande parcela da população fica sem receber a vacina nas unidades públicas, sendo aconselhável sempre que possível, a aplicação dessa na rede privada. Em muitos estados a campanha de vacinação na rede privada já começou.
As campanhas de vacinação de COVID e gripe novamente acontecerão juntas. Importante destacar que ambas as vacinas podem ser aplicadas no mesmo dia e momento, devendo apenas serem em aplicações separadas. Teremos além delas, outras campanhas de vacinação acontecendo, como a de multivacinação, para atualização de vacinas em atraso, especialmente as de sarampo e poliomielite. Sempre é importante verificar se seu filho ou alguém da família é elegível para essa atualização e manter todo o esquema vacinal em dia.
A vacinação contra a gripe sempre foi muito importante para proteção de todos e nos últimos anos tornou-se mais ainda, já que muitos dos sintomas da gripe são idênticos aos do COVID. Estar imunizado contra influenza (vírus da gripe) diminui a possibilidade de confusão de diagnósticos, além de reduzir a possibilidade de que o paciente tenha as duas infecções ao mesmo tempo, o que pode agravar muito o estado clínico desse.
A composição da vacina varia ano a ano, conforme a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS), sendo essa orientação feita baseada nas cepas que mais circularam no ano anterior no Hemisfério Norte e Sul. Esse ano tanto a vacina da rede pública quanto a privada sofreu uma atualização com mudança da cepa de H1N1 utilizada, sendo adotada a última que circulou no surto de 2021. Na versão de 2022, a cepa que era utilizada era a circulante em 2019.
A vacina utilizada na rede pública no Brasil em 2023 será a influenza trivalente, produzida no Instituto Butantã, apresentando três tipos de cepas de vírus em combinação, sendo dois tipos de influenza A (H1N1 e H3N2) e um tipo de influenza B, sendo todos inativados, fragmentados e purificados. A dose varia de 0,25 a 0,5ml dependendo a idade da criança, sendo aplicada em dose única, com exceção com esquema de duas doses nas crianças menores de 9 anos que não tenham sido previamente vacinadas, sendo o intervalo de um mês entre elas.
A vacina utilizada na rede privada é a influenza quadrivalente, havendo vários fabricantes, contendo todos quatro tipos de cepas, sendo dois de influenza A e dois de influenza B (composição igual da trivalente, acrescida de uma cepa a mais de influenza B). A dose é a mesma da trivalente com o mesmo esquema de vacinação, havendo em alguns fabricantes a homogeneização da dose de 0,5ml para todas as crianças, independente da idade. Existe ainda a possibilidade de aplicação da vacina trivalente na rede privada também.
Listaremos abaixo os grupos que poderão receber vacina nas unidades públicas.
- crianças entre 6 meses e 4 anos de idade
- gestantes e puérperas
- povos indígenas, ribeirinhos ou quilombolas
- trabalhadores da saúde
- idosos com 60 anos ou mais
- professores de escolas públicas e privadas
- pessoas com algumas doenças crônicas
- pessoas com deficiência permanente
- forças de segurança e salvamento / forças armadas
- caminhoneiros
- trabalhadores de transporte coletivo / trabalhadores portuários
- funcionários do sistema prisional
- população privada de liberdade, inclusive adolescentes e jovens sob medidas socioeducativas
A maioria dos vírus influenza circulantes está contemplado na vacina trivalente, mas a vacina quadrivalente fornece uma proteção a mais, promovendo imunização mais expandida ao influenza. Lembramos que a proteção dada pela vacina da gripe dura apenas alguns meses e dessa forma, todo ano precisamos renovar a vacinação.
Aconselhamos a todos que dentro do possível se vacinem para influenza, exceção feita apenas para quem possua uma contra indicação formal. O investimento em proteção sempre deve ser total para as famílias. Por isso, se você não está dentro dos grupos prioritários do MS e tiver possibilidade, vacine-se!
Em casos de dúvidas, procure a orientação de um profissional de saúde.
Dra. Daniela Vinhas Bertolini, Pediatra e Infectologista Pediátrica – CRM 85228