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A criança dos 2 aos 5 anos e as birras

O ser humano passa por várias fases ao longo do seu desenvolvimento. Cada fase tem suas peculiaridades e suas características. Embora cada indivíduo seja único, alguns comportamentos são comuns.

Na medida em que a criança cresce, ela vai buscando e ganhando autonomia. Seu desenvolvimento físico, motor e cognitivo é muito intenso nos primeiros anos de vida e, de tão esperta que ela se mostra, por vezes, os pais “esquecem” que ainda é uma criança pequena e, por isso, apresenta determinados comportamentos…… de criança!

A fase que vai aproximadamente dos 2 aos 5 anos de idade é uma fase de grandes mudanças. A criança parece dotada de uma energia interminável, que é extravasada principalmente através de atividades motoras (correr, pular, subir, descer, etc) e exploratórias. Começa a perceber o que é capaz de fazer e, imaginar o que será capaz de fazer futuramente. A partir da observação dos adultos no desempenho de seus papéis sociais, e da possibilidade de desempenhá-los ela própria em suas brincadeiras de faz de conta, a criança estará também aprendendo como funciona o mundo social e como ela funciona dentro dele. Nesta fase a criança quer saber tudo e participar de tudo!

Ao longo desses anos, o leque de emoções é vasto, desde o puro prazer até a raiva frustrada. Embora a capacidade de expressar livremente as emoções seja considerada saudável, a criança terá que aprender a lidar com as suas emoções e saber quais sentimentos são adequados.

Nesta fase, as birras são uma das formas mais comuns da criança chamar a atenção – geralmente deve-se a mudanças ou a acontecimentos, ou ainda a uma resposta aprendida (as birras costumam estar relacionadas com a frustração da criança e com a sua incapacidade de comunicar de forma eficaz). Ela procura frequentemente testar o poder e os limites dos outros. Exibe muitos comportamentos desafiantes e opositores. Os seus estados emocionais alcançam os extremos: por ex., é desafiante e depois bastante envergonhada.

Vamos pensar um pouco sobre birras e o comportamento desafiador desta fase, o que “assusta”, “envergonha” e “tira do sério” muitos pais. As birras são uma manifestação saudável das emoções, sentimentos, vontades e necessidades das crianças. Afinal, estão  desenvolvendo a sua personalidade, só não sabem como expressar-se da melhor forma, porque nas suas mentes apenas querem satisfazer a necessidade do momento e muito rapidamente – nesta altura das suas vidas não têm qualquer outra preocupação ou entrave, se não a contestação dos pais.

Como lidar com as birras?

É importante não ceder às birras, pois a criança deve aprender que existem limites e regras a serem respeitadas sempre. Deve aprender a esperar e a lidar com frustrações. Porém, isso deve ser feito com muita calma e tranqüilidade, o que pode ser bastante difícil no meio desta “tempestade”.  Procure respirar fundo, não elevar a voz, não ceder aos nervos, ser claro e dar o bom exemplo.

Ignorar a birra pode ser eficaz, pois a criança passa a perceber que tal comportamento não surtiu efeito então, aos poucos deixa de repeti-lo.

A birra em si já é “violenta” e descontrolada, evite utilizar a força física com a criança, para não aumentar sua intensidade e gerar ainda mais sofrimento, pois as birras podem ter subjacentes outros cenários como cansaço, fome, stress, o que significa que o mais importante nesse momento é reconquistar a estabilidade.

Deixar a criança sozinha, desde que em local seguro, por alguns segundos ou minutos, pode ser bom para que ela se acalme, pois como diz o ditado: “sem platéia não há espetáculo”, assim a criança pode se acalmar mais rapidamente.

Não ameace com castigos que não vai conseguir cumprir e, quando a criança se acalmar, converse sobre o que aconteceu, mostrando o que estava certo e o que estava errado e quais as conseqüências de seu comportamento.

Podemos evitar ou diminuir a ocorrência de algumas birras, simplesmente refletindo se determinada situação, atividade ou programa é adequado para a criança e se não estamos exigindo mais do que a criança pode dar, de acordo com sua faixa etária. E nunca esquecermos de que somos nós, pais, os adultos da relação!

Com carinho, amor e paciência as birras serão resolvidas positivamente!!!!

Dra. Daniela Vinhas Bertolini, Pediatria e Infectologista Pediátrica – CRM 85228

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